Post on 07-Apr-2016
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Renascimento
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O Renascimento
Queda de Constantinopla (1453) Introdução dos caracteres móveis na impressa por Gutenberg (1454) Expansão Europeia
– Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança (1487)
– Colombo chega às Antilhas (1492)
– Vasco da Gama contorna a África e chega à Índia (1498)
Reforma e Contra-Reforma (Questiona a autoridade da Igreja)– Martinho Lutero (1483-1546)
– Concílio de Trento (1545-1563)
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A ciência do Renascimento
O pensamento tende a emancipar-se da Teologia. Os pensadores dedicam-se ao estudo da natureza
Deixa de ser predominante o respeito à tradição O pensamento tende a matematizar-se Abundam as inovações, mas conservam-se muitos elementos e critérios do
passado Acede-se directamente às fontes do pensamento Grego, sem depender de
comentários e compilações medievais Nova atitude o humanismo – o homem como o fim em si mesmo e motor da
história e não criatura subordinada aos desígnios de Deus Ocorre o auge das cidades e ao progressivo poder da burguesia Aperfeiçoamento da imprensa conduz à divulgação do saber
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Genericamente
“ a ciência europeia estava, durante a idade Média, submetida ao princípio de autoridade; esta atitude punha o respeito pelo pensamento dos grandes sábios da Antiguidade; esta atitude punha travão à observação directa dos fenómenos naturais. A partir do séc. XV, uma mudança radical tem lugar neste domínio. É certo que a tradução das obras dos sábios gregos e latinos prossegue: estuda-se a física segundo Arquimedes, a geografia segundo Ptolomeu, a medicina segundo Hipócrates. Mas a curiosidade e o sentido crítico dos humanistas leva-os a observar directamente os fenómenos naturais.”
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Figuras importantes nas ciências médicas e farmacêuticas
Vesálio (1514-1564): Anatomia
Ambroise Paré (1510-1590): Cirurgia
Miguel Servet (1509-1553): circulação pulmonar
Fracastoro (1483-1553): contágio
Paracelso (1493-1541): farmácia e na medicina
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Vesálio (1514-1564)
Estou medicina em Lavaina (Belgica) e Paris Professor de anatomia e cirurgia em Pádua Obras publicadas
– Tabulae anatomicae– De humani corporis fabrica libri septem: obra extremamente importante em termos
de anatomia humana, e onde corrige alguns erros de Galeno. Tem 7 volumes dedicados a outros tantos assuntos:
Ossos Músculos Veias e Artérias (sistema vascular) Nervos (sistema nervoso) Órgãos e cavidade abdominal Orgãos do tórax Cérebro
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Ambroise Paré (1510-1590)
Não era médico mas cirurgião barbeiro Aprendeu anatomia com um cirurgião de Paris Foi considerado o “pai da cirurgia”. Fez inovações no
tratamento– Feridas por armas de fogo– Técnicas de amputação
Obra escrita:– La méthode de triter les plaies faites pour les hacquebutes et
autres bâtons à feu, et celles qui sont faites par la poudre à canon.
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Miguel Servet (1509-1553)
Espanhol, estou direito e teologia em Espanha Descreve a circulação pulmonar 1537 – Escreve a Razão Universal dos Xaropes,
segundo Galeno: defende o galenismo Escreveu também Christianismi Restitutio: onde
descreve a circulação pulmonar do sangue
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Fracastoro (1483-1553)
Natural de Verona, estou medicina em Pádua Escreveu obras no domínio médico, astronomia, geologia bem
como alguma poesia Obras
– Syphilis, sive morbus gallicus – De sympathia et antipathia rerum– De contagione et contagiosis morbis
Contágio realizava-se através dos seminaria morbi de forma directa (através de objectos ou pelo ar)
– O caso da sifilis
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Paracelso (1493-1541)
Filipe Aurélio Teofrastos Bombastus von Hohenheim (1493 – 1541), que por volta de 1529 adoptou o nome de Paracelso.
É a figura mais controversa da história da farmácia e da medicina
Nasceu na Suiça. Estudou Botânica e química tendo aprendido em pequeno com
o pai Medicina. Estou em diferentes Universidades mas mostra-se sempre insatisfeito com o ensino ministrado. Doutorou-se em Ferrara.
Ensinou medicina em Basileia onde travou polémicas com vários médicos e cirurgiões.
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Características fundamentais da obra de Paracelso
Antigalenismo sistemático Espírito revolucionário levou-o a conhecer as doutrinas médicas Valorização dos conhecimentos populares Emprego por via interna da terapêutica metálica Propunha uma farmácia vocacionada para a obtenção dos princípios
activos isolados dos componentes da formula Medicação específica adequada a cada doença Valoriza o trabalho manual Concepção unitária das ciências da Saúde: não dividir
profissionalmente medicina, cirurgia e farmácia Desenvolvimento do laboratório de farmácia apartir do laboratório
alquímico
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Saúde e doença segundo Paracelso
Saúde correspondia a um equilíbrio dos elementos químicos:
enxofre, mercúrio e sal que existiam no organismo
Doença resultava do desequilíbrio destes elementos.
Doença era de origem localizada
Cada doença tinha terapêutica específica
Médico devia ser filósofo da natureza , astrónomo, alquimista,
sendo entendido num sentido mais próximo do farmacêutico
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Atitudes perante a saúde e a doença
o galenismo ortodoxo
o paracelsismo radical
uma postura eclética
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Farmácia Renascentista
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Textos usados pelos renascentistas
Dioscórides: “De materia medica”, fundador da farmacognosia. Teve como seus tradutores
– Andrea Mattioli (1500-1577)– Andrés Laguna (1511-1559)– Amato Lusitano (1511-1568)– Valerius Cordus (1515-1544)– Juan Jarava (1516-1565)
Farmacologia: textos de Arnau de Vilanova, Mesué, Rhazes e Avicena, bem como de Galeno
1530- Surge o primeiro herbário em moldes modernos. Responsáveis foram os alemães Brunfels, Bock e Fuchs (De historia stirpium, 1542)
Jardins botânicos em várias cidades– Vaticano (séc. XV), Pisa, Pádua, Bolonha, Zurique Paris (séc. XVI)
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Drogas de origem americana
Nicolás Monardes (1512-1588), de Sevilha– Dos libros, el uno que trata de todas las cosas de nuestras
Indias Occidentales que sierven al uso de Medicina (1565)
– Jalapa, Guaiaco, Canafístula e as árvores do bálsamos de Tolu
Francisco Hernandez (1514-1578), médico natural de Toledo
– Foi encarregue de estudar a matéria médica no México e Perú
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Drogas de origem asiática
Tomé Pires Garcia da Orta (1501-1568)
– Colóquios dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia (Goa, 1563)
Cristóvão da Costa (1525-1593)– Tractado de las drogas, y medicinas de las Indias
Orientales (1578)
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A farmácia no Portugal renascentista
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A lei de D. Afonso IV
D. Afonso IV em 1338 promulgou uma carta determinando a obrigatoriedade dum exame pelos médicos do rei a todos os que exerciam os ofícios de médico, cirurgião e boticário na cidade de Lisboa.
D. Afonso V concedeu em 1449 uma carta, conhecida por "Carta de Privilégios dos boticários “ onde atribuía privilégios aos mesmos, respeitantes às condições em que podiam ser sujeitos :
à aplicação da justiça, à isenção do recrutamento militar, ao direito de porte de armas, à isenção da obrigação de aposentadoria e de vários impostos próprios
dos ofícios mecânicos
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Medicina dogmática / Medicina Ministrante
No século XVI, contrariamente à carta de privilégios, a profissão
farmacêutica é considerada como um ofício mecânico.
As profissões enquadram-se na classificação clássica das artes
consoante pertenciam ao ramo mecânico ou doutrinal.
Ramo mecânico pertencia à “medicina ministrante” onde se
encontravam os boticários e cirurgiões.
Ramo doutrinal pertencia à “Medicina Dogmática” onde se
encontravam os médicos.
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Legalização e autonomia da profissão
Em 1461 D. Afonso V promulgou uma carta determinando a completa
separação entre as profissões farmacêutica e médica.
Este diploma proibiu:
- a preparação de medicamentos para venda por parte dos
médicos e cirurgiões
- a venda de medicamentos compostos ao público em
localidades onde houvesse boticário.
- os boticários de aconselhar qualquer medicamento aos
doentes.
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Regimento dos boticários
Em 1497, foi elaborado o "Regimento dos boticários" da cidade de
Lisboa, reformulado em 1572.
Este regimento não estipulavam quaisquer funções ou direitos para as
corporações farmacêuticas, mas determinavam uma série de
obrigações.
Os preços dos medicamentos tinham que corresponder aos de uma
tabela registada na câmara e deviam ser inscritos na própria receita.
O boticário era obrigado a avisar o médico de que iria compor o
medicamento receitado, para que ele assistisse à sua preparação.
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Físico-mor
Tinha amplas atribuições de âmbito farmacêutico;
Seleccionado pelo rei;
Possuia um regimento próprio;
Em 1521, o Regimento do Físico-Mor do Reino, publicado durante o
reinado de D. Manuel, determinava a obrigatoriedade de um exame
pelo físico-mor a todos aqueles que pretendessem exercer a profissão
de boticários:
O seu lugar foi extinto em 1836.
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Algumas atribuições do físico-mor:
Regular o acesso á profissão farmacêutica;
Conceder licenças para a instalação dos boticários
em Lisboa;
Regular as visitas de inspecção às boticas;
Fixar os preços dos medicamentos;
Conceder licenças para o fabrico de remédios de
segredo particular.
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Ensino da arte farmacêutica
Um dos aspectos mais relevantes do ensino farmacêutico no Renascimento
prende-se com a organização de estudos farmacêuticos na Universidade – a
Universidade de Coimbra;
Foi no reinado de D. Sebastião que foram instituídos na Universidade vinte partidos
para todos aqueles que quisessem ser boticários de profissão;
O dinheiro dos partidos destinava-se ao proprietário da botica, onde o aluno fazia a
sua aprendizagem, sendo dirigido para pagar as diversas despesas que o boticário
tinha com aluno. Caso sobrasse alguma quantia esta, então, seria destinada ao
partidista;
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O curso ficou organizado do seguinte modo:
Primeiro e segundo Primeiro e segundo anoano
Ensino de LatimEnsino de Latim
Terceiro-sextoTerceiro-sextoanoano
Trabalho prático numa BóticaTrabalho prático numa Bótica
Exame finalExame final
Embora, pela primeira vez em Portugal a universidade de Coimbra tenha
acolhido o ensino de farmácia e formação específica de boticários, o certo
é que o curso não era conducente a qualquer grau académico–habilitava
profissionalmente.
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Instituições de assistência
Caldas da Rainha (fundado em 1485 e já estava a funcionar
em 1488, contando desde os primeiros tempos com a
possibilidade de abrigar mais de cem camas; o pessoal era
numeroso e incluía um boticário);
Hospital de Todos-os-Santos (possuía um boticário e três
ajudantes, que viviam dentro do próprio hospital);
Misericórdia de Lisboa.
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Escassez de boticários
A falta de boticários nas localidades menores levou ao aparecimento
dos partidos municipais, que se difundiram por todo o país;
As condições variavam de acordo com a localidade, mas em geral
consistiam na atribuição de uma quantia, retirada dos rendimentos do
próprio concelho e definida em valor monetário ou em géneros, ao
boticário que aceitasse estabelecer-se na localidade, residindo nela e
mantendo botica aberta.
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Boticários Portugueses importantes no Renascimento
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Influência Portuguesa no Oriente
A Índia e o Japão foram indiscutivelmente os locais do Oriente onde
mais se projectou a acção dos portugueses;
Tomé Pires, Cristovão da Costa e Garcia da Orta foram grandes
vultos da ciência médica na Índia veicularam para a Europa, através
das suas obras, importantes informações farmacológicas, sobre
substâncias e produtos, ainda hoje em uso nas Farmacopéias.
Foram vários os portugueses que se notabilizaram no estudo da
matéria médica durante o Renascimento, fundamentalmente no
estudo das matérias-primas orientais.
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Garcia da Orta (1501-1568)
Nome mais significativo deste período Natural de Castelo de Vide, estudou em Salamanca e Alcalá 1534 – Embarcou para a Índia como médico de Martim Afonso de
Sousa Escreveu Colóquios dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia
(Goa, 1563)– Compreende um total de 58 colóquios– Descreve as drogas, sua origem e propriedades terapêuticas, em dialogo
com o médico espanhol Ruano– Drogas descritas: aloés, melão, mirabolanos, cânfora, ruibarbo, sândalo,
etc
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Tomé Pires (? – 1524 ou 1540)
Boticário que viveu no Oriente Notabilizou-se também no campo politico, 1º
Embaixador de Portugal na China 1515 escreveu a Suma Oriental
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Amato Lusitano (1511-1568)
Médico, natural de Castelo Branco Judeu estudou medicina em Salamanca Foi perseguido por a Inquisição tendo que mudar de cidade
várias vezes. Mudou-se para Antuérpia (1534) Foi dos primeiros a comentar a obra de Dioscorides,
introduzindo resultados da sua própria observação Escreveu Centúrias - constituído por 7 partes, em cada
descreve a doença indicando depois a terapêutica e instituir referindo por diversas vezes o formulário correspondente à medicação.
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Rodrigo de Castro (1541-?)
Cristão, natural de Lisboa, estudou em Salamanca e
foi médico em Évora e Lisboa
Escreveu De Mulierum Medicina (Colónia, 1603) que
é um autêntico tratado de ginecologia
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FIM